Convulsões e epilepsia não querem dizer a mesma coisa. A criança pode ter convulsões, como as convulsões febris, e não ter epilepsia. As convulsões febris são uma situação frequente e geralmente sem consequências. Na epilepsia, a criança tem convulsões de uma forma repetida, sem febre. Aprender a distinguir umas das outras é fundamental para poder lidar com elas.
Todos os pais já ouviram falar de convulsões ou de epilepsia. Sabem que a criança fica inconsciente e tem movimentos anormais. E esperam que uma situação dessas nunca aconteça a um filho seu. Mas a enorme maioria dos casos de convulsões são inofensivos e só alguns são mais complicados.
É importante que os pais saibam o essencial sobre convulsões. Para desmistificar e, ainda mais importante, para saberem atuar se, em alguma situação, observarem uma criança a ter uma convulsão.
Neste artigo, vai ficar a saber o que são as convulsões, como saber se uma criança tem epilepsia e o que fazer durante uma crise.
Antes de mais, os pontos nos is. O cérebro é constituído por milhões de pequenas células que comunicam entre si através de minúsculas descargas elétricas. Se, por alguma razão, uma dessas células começa a estimular de forma desordenada todas as células à sua volta, essa descarga elétrica pode estender-se a uma grande parte do cérebro, dando origem a uma convulsão. Dito de outra forma, as convulsões surgem quando ocorre uma estimulação excessiva e anormal de determinadas zonas do cérebro. Devido a esta descarga, a criança pode perder os sentidos e começar com movimentos tipo abalo de uma zona do corpo ou mesmo de todo o corpo.
As convulsões febris são as que acontecem quando a criança está com febre por qualquer infeção, geralmente uma infeção respiratória ou uma otite.
Existem muitos tipos de convulsões. As mais frequentes são aquelas em que a criança perde os sentidos e começa a fazer movimentos involuntários de uma zona ou de todo o seu corpo. Mas nem sempre é assim tão evidente e algumas convulsões podem ser difíceis de distinguir.
Convulsão ou epilepsia
Antes de mais, é importante que os pais saibam distinguir entre convulsão e epilepsia. Se uma criança tem uma convulsão, não significa logo que sofra de epilepsia. A epilepsia é uma doença em que ocorrem convulsões de forma recorrente, com exceção das convulsões febris. Que quer isto dizer? Se uma criança tem apenas uma convulsão, não podemos dizer que sofra de epilepsia, apenas que já teve uma convulsão. Por outro lado, se uma criança tem diversas convulsões febris, também não sofre de epilepsia, apenas tem maior tendência para ter convulsões quando a sua temperatura está a subir muito depressa.
O que são as convulsões febris
As convulsões febris são as que acontecem quando a criança está com febre. São um acontecimento relativamente frequente, pois por cada cem crianças, três têm um episódio de convulsão desencadeado pela febre durante a sua infância. Estas convulsões acontecem principalmente entre os seis meses e os três anos, mas podem surgir em crianças até aos seis anos. Existe alguma predisposição familiar, ou seja, quando os pais tiveram convulsões febris em criança, os seus filhos têm uma maior tendência para também as terem.
Estas convulsões surgem quando a criança está adoentada, geralmente com uma infeção respiratória como uma gripe, uma amigdalite ou uma otite, e a febre está a subir rapidamente. A criança, habitualmente, está doente há pouco tempo, muitas vezes começou com febre nesse mesmo dia e, de repente, desmaia e começa a ter movimentos anormais dos membros.
Estas convulsões são geralmente breves, durando de alguns segundos até dois minutos, o que para os pais não deixa de parecer uma eternidade. É importante que não sejam confundidas com calafrios. A criança com calafrios está a tremer devido à subida de temperatura, mas não perde a consciência.
Que cuidados ter?
Numa criança com uma convulsão febril, há dois aspetos que são fundamentais: em primeiro lugar, tratar a convulsão, em segundo, procurar a causa do aumento da temperatura. Muitas vezes, a causa da febre é uma simples virose, sem importância, apenas importante porque a subida rápida da temperatura levou a criança a convulsivar. Noutros casos, é encontrada uma infeção que necessita de antibiótico para o seu tratamento, como uma otite. Aquilo que os pais e os médicos mais temem é que a causa da convulsão seja uma meningite. Se o médico tiver algumas dúvidas em relação a este ponto, vai ter que fazer uma punção lombar, isto é, colher um pouco do líquido que envolve a medula, para que este seja analisado.
As convulsões febris não deixam sequelas, isto é, não provocam lesões no cérebro. Após um primeiro episódio de convulsão febril, e depois de a causa da subida de temperatura ter sido tratada, a criança volta ao que era antes. Não é necessário fazer um electroencefalograma. Se a história e o exame da criança indicam claramente que se tratou de uma convulsão febril, não são necessários outros exames.