Os traumatismos dentários são lesões frequentes em crianças e adolescentes. Nos dentes decíduos, estes acidentes ocorrem principalmente entre o primeiro e o terceiro ano de vida quando as crianças estão numa fase de exploração de ambientes e a aprender a caminhar. Os dentes superiores da frente são os mais afetados. O principal objetivo do odontopediatra é evitar maiores consequências aos germens dos dentes sucessores, os definitivos.
Na dentição definitiva os traumatismos ocorrem mais frequentemente entre os sete/12 anos e os 16/20 anos de idade, especialmente nos meninos, que passam uma fase rígida de auto-afirmação e geralmente têm contacto com brinquedos e desportos com maior risco de quedas. As quedas acidentais são muito comuns, mas também maus-tratos, obesidade, desportos de combate, stresse e distúrbios de atenção estão na origem dos traumatismos dentários. Por outro lado, alterações orais como overjet acentuado (dentes projetados para a frente) e protusão maxilar são os dois fatores “major” desta situação.
Logo após o traumatismo, a criança fica assustada e com dor e os pais preocupados e inseguros. É fundamental uma abordagem inicial da criança e dos seus responsáveis pelo odontopediatra que irá tranquilizar todos os envolvidos de forma a obter o máximo de informação acerca do sucedido e orientar o melhor diagnóstico e tratamento para a criança.
Após uma queda, as crianças devem ser acompanhadas pelo odontopediatra pelo período de um ano e seis meses para dentes de leite e pelo menos cinco anos para dentes permanentes, de forma a garantir que nenhuma complicação pós traumatismo ocorra.
Os pais podem ajudar na prevenção destes traumatismos com algumas medidas simples. No carro, o cinto e a cadeira de segurança devem ser sempre utilizados e nos desportos não esquecer o equipamento de proteção. As crianças junto da piscina têm de ser vigiadas, este é o local com maior índice de quedas, opte sempre por usar a escada na entrada e saída da piscina. Estes acidentes não comprometem apenas a dentição da criança mas também afetam a autoestima, qualidade de vida e dependendo do caso podem acompanhar a criança durante toda a vida.