Se é verdade que os ossos formam o esqueleto – essencial para, entre outras funções, dar forma e proteger o nosso corpo, os músculos são indispensáveis para que possamos movimentar-nos.
É graças aos músculos, que se contraem, que uma a criança consegue sugar o leite, mastigar a comida, controlar a cabeça, sentar-se, gatinhar, andar, correr, desenhar e uma infinidade de outras coisas. Se não fossem os músculos, a criança estaria sempre parada. Apesar da sua importância, a maioria dos adultos apenas se dá conta de que os músculos existem quando algum deles sofre, como acontece num traumatismo ou inflamação. Ou, pior ainda, apenas se dá conta da sua importância quando verifica que há quem os não possa ou não consiga utilizar.
Como funcionam os músculos?
Os músculos trabalham juntamente com os ossos. A maioria dos músculos estende-se de um osso até ao osso mais próximo. Assim, quando o músculo se contrai, diminui de tamanho, o que faz com que um dos ossos se aproxime do outro.
Existem no corpo de cada criança mais de seiscentos músculos, cada um com a sua função bem precisa. Muitos trabalham sozinhos, muitos outros trabalham em conjunto com outros músculos, formando uma equipa. Por exemplo, para levantar o braço, mais de dez músculos atuam em conjunto. Alguns músculos são mais importantes do que outros, pois executam funções muito específicas. É o caso dos músculos que deixam o polegar aproximar-se da palma da mão, ou dos músculos que tornam possível a mastigação ou, ainda, dos minúsculos músculos que permitem a movimentação dos olhos em todas as direções.
Problemas musculares comuns
Os músculos, para funcionar, precisam de energia. Sem uma alimentação equilibrada, esta energia pode não estar disponível e a criança não tem força para realizar muitos movimentos. Da mesma forma, após um esforço intenso ou prolongado, a força pode faltar e os músculos necessitarem de um período de repouso. Por todas estas razões, a criança deve praticar desporto com moderação e de uma forma equilibrada, alternando períodos de maior atividade com outros de descontração.
Por vezes, após um esforço especialmente prolongado, a criança sente dores, por exemplo, nos músculos da perna. São as chamadas cãibras. Isto significa que os músculos atingiram a sua capacidade máxima e que necessitam de repouso. Estas dores surgem de forma brusca e são, por vezes, violentas e acompanhadas de uma contração forte dos músculos envolvidos. A dor é aliviada com distensão dos músculos, que é mais eficaz se realizada com a ajuda de outra pessoa.
Noutros casos, a dor surge durante um movimento mais esforçado e é causada por uma pequena rotura no próprio músculo. Estas roturas provocam uma dor violenta e que se mantém, impedindo a criança de continuar o exercício. O seu tratamento é mais prolongado e exige, muitas vezes, medicamentos anti-inflamatórios e analgésicos, demorando cerca de 3 semanas até estar totalmente curado.
As dores de crescimento.
Cerca de um quarto das crianças queixa-se, ao longo da sua vida, de dores de crescimento. Estas são mais frequentes em dois períodos: entre os três e os cinco anos e, mais tarde, entre os oito e os dez anos. Estas dores ocorrem ao fim do dia, quando a criança está prestes a ir para a cama ou quando está deitada há pouco tempo, principalmente quando teve um dia mais agitado, por exemplo, com múltiplas atividades desportivas.
Estas dores são mais frequentes nas pernas e variam muito de intensidade de criança para criança. Não aparecem todos os dias, por vezes uma vez por semana ou uma vez por mês.
Uma das características mais importantes das dores de crescimento é o facto de aliviarem quando os pais fazem uma massagem nos músculos da perna da criança. Isto é muito importante, pois quando a criança tem dores por outras causas, como, por exemplo, uma inflamação dos músculos, não deixa que lhe toquem e evita movimentar-se. A criança com dores de crescimento, pelo contrário, fica bastante aliviada quando lhe é feita uma massagem nas pernas.
Em casos mais renitentes, pode ser necessário dar à criança um analgésico, como o paracetamol.
Apesar da descontração com que estes casos devem ser encarados, é importante que os pais estejam atentos a outras queixas que nada têm a ver com as dores de crescimento. Não é normal a criança ter uma zona muscular inchada, avermelhada ou quente, sinais que podem indicar que existe uma inflamação muscular. Também é importante saber que dores no pescoço, costas, braços ou mãos raramente são devidas ao crescimento e que outras explicações devem ser encontradas.